O Open BIM é uma abordagem inovadora no campo do Building Information Modeling (BIM) que destaca a importância da colaboração aberta e transparente entre todos os participantes de um projeto de construção. Essa metodologia permite que, independentemente das ferramentas ou softwares utilizados, haja uma troca eficiente de informações por meio de padrões de dados abertos. Isso garante a interoperabilidade entre diferentes sistemas, possibilitando que todos os envolvidos acessem, compartilhem e utilizem os dados de maneira eficaz.
No coração do Open BIM está a interoperabilidade, a capacidade de diferentes softwares se comunicarem e trocarem informações sem barreiras. Isso é viabilizado pelo uso de padrões abertos, como o IFC (Industry Foundation Classes), que funciona como um formato neutro para a representação e compartilhamento de dados de construção. Além do IFC, outros padrões como o BCF (BIM Collaboration Format) e o COBie (Construction Operations Building Information Exchange) também desempenham papéis cruciais. Eles garantem que os dados do projeto sejam acessíveis e utilizáveis por qualquer software compatível, o que facilita a colaboração em todas as fases do ciclo de vida do projeto.
Origem
Em 1996, um grupo composto por 12 empresas fundou a Aliança Internacional para Interoperabilidade (IAI), com a missão de coordenar o desenvolvimento de padrões internacionais de arquivos entre sistemas diversos. Após anos, em 2008, a organização passou a se chamar buildingSMART. Essa entidade certificadora foi responsável pelo lançamento do padrão de arquivo Industry Foundation Class.
O formato IFC não é apenas um simples formato de arquivo; ele funciona como um sistema completo de armazenamento, projetado para organizar e carregar informações digitais. Trata-se de um modelo de dados padronizado que registra uma variedade de informações sobre cada estrutura de um projeto, incluindo: Identidade e Semântica (objetos, nomes e funções), características (materiais, cores e propriedades). Relações entre objetos (como paredes e janelas), conceitos (como desempenho e custos), processos (como instalações e montagem) e pessoas (como projetistas, gerentes e empreiteiros).
Assim, o formato IFC oferece dados geométricos, não geométricos e geográficos, adequados para ferramentas 2D e 3D. Um dos principais objetivos do Open BIM é assegurar a longevidade dos arquivos, garantindo compatibilidade contínua e evitando que o avanço dos softwares torne formatos antigos obsoletos e resulte na perda de dados.
A abordagem Open BIM promove uma colaboração multidisciplinar eficaz, reunindo diferentes áreas como arquitetura, engenharia, construção e operação em um ambiente compartilhado. Essa integração permite uma coordenação mais eficiente dos elementos do projeto, reduzindo erros e a necessidade de retrabalhos. Além disso, ao adotar formatos de dados abertos, o Open BIM assegura que todas as partes interessadas tenham acesso às mesmas informações, eliminando a necessidade de conversões de dados que podem levar à perda de informações ou distorções.
Outro benefício significativo do Open BIM é sua contribuição para a sustentabilidade e eficiência dos projetos. A interoperabilidade dos dados permite um planejamento mais preciso e a redução de desperdícios, o que resulta em um impacto ambiental menor e em processos mais eficazes ao longo do ciclo de vida do edifício, desde o design até a manutenção.
A adoção do Open BIM traz diversas vantagens para os projetos de construção. Ela melhora a comunicação e a colaboração entre as equipes, pois todos trabalham com os mesmos dados e podem visualizar o impacto de suas decisões em tempo real. Isso reduz conflitos e facilita a resolução de problemas antes que eles se manifestem no canteiro de obras. Além disso, a interoperabilidade reduz a necessidade de retrabalhos e conversões de dados, economizando tempo e dinheiro, ao mesmo tempo em que aumenta a precisão do planejamento. Outro aspecto positivo é a flexibilidade proporcionada pelo Open BIM, que permite que as empresas escolham as ferramentas que melhor atendem às suas necessidades, sem ficarem presas a um único fornecedor ou sistema proprietário.
Os dados gerados no ambiente Open BIM permanecem acessíveis durante todo o ciclo de vida do edifício, o que facilita a operação e manutenção a longo prazo. Além disso, a utilização de padrões abertos facilita a conformidade com normas e regulamentos, garantindo que os projetos estejam em conformidade com as exigências legais e industriais, tanto em âmbito local quanto internacional.
Apesar de todos os benefícios, a implementação do Open BIM enfrenta desafios. A adoção dessa metodologia requer que as equipes estejam familiarizadas com os padrões abertos, o que pode exigir investimentos em treinamento para a utilização eficaz dessas ferramentas. Além disso, embora muitos softwares suportem o formato IFC, ainda existem diferenças na forma como eles interpretam esses dados, o que pode causar inconsistências. A transição para o Open BIM também pode representar um custo inicial significativo para empresas que tradicionalmente utilizam softwares proprietários, incluindo a aquisição de novos softwares e o treinamento necessário.
Com a crescente digitalização da indústria da construção, o Open BIM está se tornando cada vez mais relevante e tem o potencial de se tornar o padrão dominante para a gestão de informações em projetos de construção. A integração com novas tecnologias, como a inteligência artificial e o machine learning, promete ampliar as capacidades do Open BIM, permitindo análises mais avançadas e uma melhor tomada de decisões ao longo de todo o ciclo de vida dos edifícios. Em resumo, o Open BIM representa um avanço significativo na gestão de projetos de construção, promovendo uma colaboração mais eficaz, transparência e sustentabilidade em toda a indústria.
