Retrofit em Patrimônio Histórico: Modernização de Edifícios Antigos com a Metodologia BIM

Entenda os desafios e soluções do Retrofit para integrar o passado com o futuro nas edificações.


Retrofit é o processo de modernização de um edifício antigo ou histórico, atualizando suas instalações e sistemas para atender às normas e padrões contemporâneos de segurança, eficiência energética e funcionalidade, sem comprometer suas características originais e valor histórico. Este processo é essencial para a preservação de
edifícios que possuem relevância cultural e arquitetônica, permitindo que continuem em uso e sejam apreciados por futuras gerações. 

A engenharia civil e a arquitetura desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de infraestrutura e na preservação do patrimônio histórico. O Retrofit em patrimônio histórico é desafiador para a construção civil, mas realizar tal restauração é gratificante para a manutenção do cenário histórico das cidades.

Por que projetar em edificações históricas é tão complexo?


A Realização do Retrofit é um processo ainda mais complexo do que reformas comuns. Além de possuir restrições sobre o que pode ou não ser alterado, exigindo um conhecimento profundo das leis e normas aplicáveis, é um processo mais custoso e detalhado, visto que coisas como o tipo de materiais a serem utilizados passam por requisitos extras, pois devem ser compatíveis com os materiais originais. O processo envolve uma apresentação completa para órgãos reguladores, como o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do RS), ou comissão municipal, que engloba levantamento histórico e estrutural e anteprojeto para aprovação.

A fase inicial da reforma consiste em um levantamento detalhado, tanto de avaliação estrutural e arquitetônica do estado atual da edificação, quanto do seu histórico.
Na segunda etapa, elabora-se um projeto detalhado que especifica as intervenções necessárias, respeitando as características históricas do edifício. Esta etapa inclui a definição de tecnologias a serem incorporadas e os materiais a serem utilizados.

Esses projetos frequentemente começam com levantamentos detalhados utilizando técnicas avançadas de digitalização, como a nuvem de pontos e a modelagem 3D, que capturam com precisão cada detalhe estrutural e decorativo. O uso de softwares BIM facilita a gestão integrada de informações, permitindo que diferentes disciplinas coordenem seus esforços e evitem conflitos durante a execução. Mesmo com o auxílio que as novas tecnologias proporcionam, as edificações antigas ainda apresentam algumas complicações. Por exemplo, no levantamento de nuvem de pontos, o escaneamento de estruturas como paredes se torna mais difícil, devido a vãos e fissuras, o que torna o processo bem mais demorado.

 

Durante a fase de execução das obras, é essencial a supervisão de profissionais especializados em restauração de patrimônios históricos, garantindo que as intervenções sejam realizadas com o máximo cuidado e respeito ao projeto original. Após a conclusão, um plano de monitoramento contínuo e manutenção é estabelecido para garantir que as novas intervenções sejam sustentáveis a longo prazo, preservando não apenas a estrutura física, mas também sua importância histórica e cultural para as gerações futuras.

 

A DMS já realizou diversos projetos de Retrofit em Patrimônios Históricos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Hoje, destacamos o projeto de Retrofit da antiga sede do Banco do Brasil, localizada no coração do centro histórico da cidade, para a Secretaria de Cultura de Pelotas. Este edifício, um marco arquitetônico datado de 1926 e projetado pelo Engenheiro-Arquiteto Paulo Gertum, testemunhou diversas transformações ao longo do tempo.

 

Inicialmente concebido como uma filial do Banco do Brasil, o prédio foi inaugurado em 1928 e serviu à comunidade local por mais de meio século. Em 1972, passou por uma significativa desapropriação planejada para abrigar a Câmara de Vereadores, um destino que não se concretizou. Posteriormente, foi a sede da Secretaria Municipal de Finanças até os primeiros anos do século XXI.

 

Entretanto, desde 2010, o edifício encontra-se desocupado e fechado, necessitando urgentemente de uma restauração completa para preservar suas características arquitetônicas únicas. A antiga filial do Banco do Brasil é protegida pelo Tombamento do Conjunto Histórico de Pelotas desde 2018, pelo IPHAN, e é parte integrante do patrimônio cultural do município, classificado como de nível 1 segundo o Plano Diretor de Pelotas.

 

A construção é um exemplo marcante do ecletismo historicista com influências francesas, evidenciado por sua volumetria imponente que inclui dois pavimentos, mezanino e mansarda. A fachada é adornada por elementos arquitetônicos detalhados como cúpulas, sacadas de púlpito, cimalhas trabalhadas e arabescos delicados, além de pilastras coríntias e um embasamento em pedra que contribuem para sua distinção na paisagem urbana.

 

A DMS utilizou técnicas avançadas de digitalização e modelagem para documentar meticulosamente o estado atual da estrutura. A partir de uma nuvem de pontos, foram capturadas informações métricas detalhadas e visuais sobre a forma e o estado de conservação do prédio. Com o auxílio do software BIM, a equipe conseguiu recriar digitalmente o modelo 3D da edificação, como também a criação de volumetria digital em modelo 3D de elemento da cúpula do prédio, permitindo uma visualização precisa e detalhada dos elementos estruturais e decorativos.

 

Este projeto não apenas visa restaurar o edifício para sua antiga glória, mas também garantir que sua história e valor arquitetônico sejam preservados para as futuras gerações, contribuindo para a identidade cultural e histórica de Pelotas.

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